ÉTICA NA MÍDIA x FORMADORES DE OPINIÃO


4 de jun. de 2007

Impostores da hipocrisia


"Imagine só,o popozao de uma carioca, a cachorrada de uma curitibana e a ingratidão de um paulista, movidos apenas pela vontade de falar mal de todo mundo, passando pelos malditos fotologgers, por frequentadores do james, do atari, de hippies, metaleiros, indies, roqueiros, funkeiros, na verdade, falar mal de todo mundo que habita o planeta. "

Essa é a descrição do trio As Impostora, na página da banda no MySpace.;


Em entrevista com Cello Zero, produtor, dj e integrante desta banda que usa elementos "pop" e formadores de opinião que transitam na boca de todos os "nichos" e "tribos" que compõe a cena das boates e clubes de qualquer "eixo-pop" que se preze, descobrimos que o caçador também vira caça, e que toda crítica tem um fundo de auto-crítica.
O que quer que seja que se auto-denomine um grupo, uma tendência, que tenha uma "tarjeta de classificação" com caracteristicas próprias e seguidas por todos os " membros ", não foge da língua abusada e divertida dessas três figuras que não pertecem a tribo nenhuma, talvez a dos Sátiros,
que moravam nos bosques gregos, cuja guarda lhes estava incubida. Alegres, maliciosos, formavam a escolta de Dionísio ( o deus grego da festa e da bebida !) e tomavam parte em todas as suas festas, acompanhados das Ninfas.
E é esse sátiro, sem suas ninfas, que responde ás perguntas do OPINORAMA:

__________________________________________________________________

OPINORAMA -
Cello, o que te inspirou a montar uma banda que " fala mal de todo mundo que habita o planeta"?

Cello
-
Na verdade a idéia foi da Vicky e da Bárbara para começar, para falar mal do Bonde do Rolê. Quando nos demos conta, já estávamos falando mal de todos mesmo, na verdade principalmente da gente e de pessoas ao nosso redor. Tudo é uma forma de autocrítica do meio que convivemos, dos exageros, que transformou as cenas e tribos criticadas em figuras caricatas de si mesmos, e deixar a imagem acima do que determinada tribo realmente teria que representar. São esses exageros que nos dão inspiração pra ridicularizar e fazer música.

OPINORAMA
- E hoje vocês tem fãs, e mesmo sem que queiram, há pessoas que os imitam, que seguem o que acham que vocês "pregam". Como você se sente fazendo parte do "outro lado" ?

Cello
- Na verdade é uma coisa que a gente não conseguiu assimilar muito ainda, a gente é banda pequena, isso assusta, saber que a gente tem fã, receber email... Tem lugar que a gente chega e vem gente querer conhecer a gente porque adora o nosso som e o que a gente fala.É divertido, mas dá medo principalmente porque nosso público em grande parte é adolescente, que ainda está na fase de formar a própria cabeça e a própria conduta, então a gente tem que prestar atenção no que faz e fala, imagina se um resolve copiar alguma atitude bizarra nossa?

OPINORAMA - Você acha que vocês tem algum tipo de responsabilidade ética em relação aos seus fãs, no sentido de que qualquer coisa que se origine de vocês enquanto personas "das Impostora " possa influenciar opiniões e comportamentos?
Cello -Toda a responsabilidade do mundo... como eu acredito que a maioria das pessoas (eu sou uma delas) quando é fã de alguém, tende a adquirir comportamentos e atitudes do alguém em questão. Seja modo de se vestir, modo de falar, opiniões, ou modo de se comportar em algum lugar, porque a partir do momento que você é destacado de alguma maneira, mais pessoas estão ouvindo e vendo o que você pensa e tem a dizer. É um exemplo besta e de alguém que tem um destaque infitamente superior à gente, mas lembra quando o Ronaldinho cortou o cabelo à la "Cascão"? Molecada fã dele foi lá e fez igual. A gente experimenta isso em proporção menor, mas isso acontece.

OPINORAMA - Cello, nosso podcast, do OPINORAMA, que você acabou de ouvir, discutiu a recente vitória na justiça do cantor Roberto Carlos sobre a editora que publicou uma biografia não-autorizada sobre ele. Qual a sua opinião, como comunicador ( Cello também trabalha na Editora Abril como redator ) e cidadão sobre o assunto?

Cello -
A partir do momento que ele (Roberto Carlos) é uma figura pública, ele está exposto à esse tipo de coisa, eu acompanhei pouco esse caso da biografia, mas não é sempre que dá pra confiar no que é dito por alguém de fora, as pessoas adoram inventar, e o que estava sendo mostrado na biografia são detalhes da vida pessoal dele. É dificil saber o que é fato e o que é invencionice. Quem escreveu, como jornalista e escritor, tinha que ter o clássico "compromisso com a verdade", e a verdade, não é necessariamente o que aconteceu, mas aquilo que se pode provar, isso é princípio básico de Direito. Roberto está certo de se preservar. Eu faria o mesmo que ele. Quem é comunicador não tem o direito de falar algo não autorizado, e pior, lucrar com isso, é imoral, anti-ético e ilegal na minha opinião.


OPINORAMA - E para fechar essa entrevista, nos conte quais os formadores de opinião do Brasil que você acredita que tem a melhor e a pior influência ética nos cidadãos...

Cello -
Essa quebrou minhas pernas uhahuahuahua...

É clichê falar isso, mas eu acho os formadores de opinião da televisão, especialmente os da Rede Globo, os piores, por serem absolutamente tendenciosos. Eu entendo o lado deles, é dinheiro, interesse político, e eles tendem pro que faça eles ganharem algo, é humano isso.
Melhores é quase impossível de responder, mas eu gosto muito da Penélope, da MTV, porque ela é debochada quando fala, bem no estilo que eu também gosto de ser com música, falar uma coisa querendo dizer outra...
__________________________________
____________________________

Para quem quiser ouvir as músicas da banda, acessem o site da gravadora Trama onde podem ser feitos downloads das músicas, ou o MySpace, e ativem o player que tem na página.

Até o próximo post!

Isabelle Mani

Um comentário:

***Isa*** disse...

Eu achei uma ótima idéia essa da entrevista...
Ficou mto interessante mesmo!!
Parabéns, Su!